Prefeito de Salvador é sócio de investigado por corrupção em desvio de emendas
Prefeito de Salvador é sócio de investigado por corrupção em desvio de emendas
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Reportagem de José Marques e João Pedro Pitombo — publicada nesta segunda-feira (14/04/2025) no Jornal Folha de S.Paulo — revela que o prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), mantém, desde 2022, sociedade empresarial com o empresário Samuca Silva Franco, alvo da terceira fase da Operação Overclean, deflagrada pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União na quarta-feira (03/04/2025). A operação investiga esquema de desvios de verbas públicas, corrupção e lavagem de dinheiro com recursos de emendas parlamentares.

Alvo da Operação Overclean é sócio de Bruno Reis
A Terceira Fase da Operação Overclean, que ocorre na quinta-feira (03/04/2025) em diferentes estados brasileiros, atingiu diretamente o núcleo político de aliados do ex-prefeito ACM Neto, hoje principal liderança nacional do União Brasil. Entre os alvos está Samuca Silva Franco, empresário do sul da Bahia, com atuação nos setores imobiliário, de extração mineral e aviação, que desde 2022 mantém sociedade com Bruno Reis por meio da empresa SPE Vento Sul Empreendimentos Imobiliários Ltda.

Conforme apurado nas investigações, Samuca Franco recebeu, entre março de 2023 e março de 2024, o valor de R$ 573.500,00 de duas empresas investigadas — BRA Teles Ltda. e FAP Participações Ltda., consideradas de fachada pela Polícia Federal. Os pagamentos são suspeitos de representar serviços simulados e emissão de notas fiscais frias, parte de um esquema de lavagem de dinheiro com recursos públicos.

Vínculo empresarial documentado em cartório
Em maio de 2022, Bruno Reis formalizou a aquisição de 10% das cotas da SPE Vento Sul, por meio da empresa BB Patrimonial Ltda., cujo quadro societário inclui o prefeito e seus filhos. À época, Samuca detinha 95% do capital social da SPE, segundo dados registrados na Junta Comercial da Bahia (Juceb).

A empresa tem por objeto social a compra, venda, permuta de imóveis próprios, bem como incorporação imobiliária, loteamentos urbanos e rurais, construção civil e administração patrimonial. O investimento total declarado do empreendimento foi de R$ 600 mil, dos quais a BB Patrimonial aportou R$ 60 mil.

Declarações públicas evidenciam relação próxima
A ligação entre Bruno Reis e Samuca Franco não se restringe à sociedade empresarial. Em evento privado registrado em vídeo, o prefeito se dirige ao empresário com termos de grande proximidade pessoal, afirmando tratá-lo como “irmão” e relatando conversas frequentes com ele por telefone. No vídeo, Bruno Reis está acompanhado de ACM Neto, reforçando a associação entre os três.

“Vocês sabem da minha amizade, do meu carinho, do meu amor, mas principalmente da admiração que eu tenho por esse cara aqui, um irmão que a vida me deu, Samuca Franco”, declarou o prefeito.

Nota oficial do prefeito
Em nota à imprensa, a assessoria de Bruno Reis afirmou que o investimento se refere a empreendimento exclusivamente privado, sem relação com recursos públicos ou vínculos políticos. Destaca-se que o loteamento será implantado em Ilhéus (BA), com participação de dez sócios privados, e que não há conexão entre o negócio e os fatos investigados pela Polícia Federal.

“O prefeito ressalta que o projeto não tem qualquer vinculação com os fatos que estão sendo apurados”, conclui a nota.

Implicações políticas e novas suspeitas
A investigação atinge outros membros do União Brasil e partidos aliados. A Polícia Federal identificou indícios de atuação coordenada entre empresários, servidores e parlamentares para desviar recursos públicos via convênios firmados com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), órgão vinculado ao Ministério da Integração Nacional.

Segundo a PF, o grupo atuava principalmente na Bahia, destinando verbas de emendas parlamentares para empresas ligadas a administrações municipais, superfaturando obras e emitindo notas inidôneas. O esquema teria movimentado aproximadamente R$ 1,4 bilhão em contratos fraudulentos.

Envolvimento de nomes do alto escalão político
Entre os citados nas investigações está o deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil-BA), o que motivou a remessa do inquérito ao Supremo Tribunal Federal (STF), sob relatoria do ministro Kassio Nunes Marques. O conteúdo segue em segredo de justiça.

A operação também resultou no afastamento de Bruno Barral, ex-secretário de Educação de Salvador, que exercia cargo equivalente em Belo Horizonte no momento da ação da PF. Barral foi indicado à pasta em Salvador por ACM Neto, quando este era prefeito da capital baiana.

Fases anteriores da Operação Overclean
Na primeira fase, deflagrada em dezembro de 2024, foram cumpridos 43 mandados de busca e apreensão, 17 prisões preventivas e bloqueio de bens de investigados. Foram presos empresários com atuação relevante em contratos públicos, como José Marcos de Moura, conhecido como “rei do lixo”, com forte influência no setor de limpeza urbana e atuação política no União Brasil.

As prisões, contudo, foram revogadas pelo TRF-1, mediante imposição de medidas cautelares como uso de tornozeleira eletrônica e proibição de contato entre investigados.

Zonas cinzentas
O caso coloca em evidência as zonas cinzentas entre o setor público e os interesses privados de agentes políticos, especialmente quando envolvidos em operações que investigam o uso indevido de recursos públicos. Embora não haja, até o momento, imputação formal contra o prefeito Bruno Reis, o vínculo societário com um investigado por crimes financeiros sob apuração federal gera implicações éticas, administrativas e políticas que deverão ser monitoradas pelas instituições competentes e pela sociedade.

Citados
Bruno Reis (União Brasil): Prefeito de Salvador, sócio da empresa SPE Vento Sul.

Samuca Franco: Empresário investigado por lavagem de dinheiro e corrupção.

Elmar Nascimento (União Brasil-BA): Deputado federal citado nas investigações.

ACM Neto: Ex-prefeito de Salvador, aliado político dos envolvidos.

Bruno Barral: Ex-secretário de Educação de Salvador e Belo Horizonte, afastado pela operação.

Operação Overclean
Terceira fase: Deflagrada em 03/04/2025.

Locais: Salvador, São Paulo, Belo Horizonte e Aracaju.

Órgãos envolvidos: Polícia Federal e Controladoria-Geral da União.

Estimativa de recursos desviados: R$ 1,4 bilhão.

Crimes investigados
Corrupção ativa e passiva

Peculato

Fraude em licitações

Lavagem de dinheiro

Obstrução da Justiça

Sociedade empresarial
Empresa: SPE Vento Sul Empreendimentos Imobiliários Ltda.

Objeto social: Incorporação imobiliária e construção civil.

Investimento de Bruno Reis: R$ 60 mil (10% de participação).

Intermediação: Empresa BB Patrimonial Ltda.

Tramitação judicial

Tribunal: Supremo Tribunal Federal (STF)

Relator: Ministro Kassio Nunes Marques

Sigilo: Sim, processo sob segredo de justiça


Fonte: Jornal Grande Bahia
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